Não são só os chefes de estado, governadores e prefeitos de capitais que têm de lidar com os cuidados contra o coronavírus. Mesmo municípios pequenos da região de Campinas, como Valinhos e Vinhedo, cujas pessoas sob monitoramento somam seis casos — são três em cada cidade —, já voltam suas atenções para as medidas de prevenção à doença.
A situação preocupa mais em Valinhos, município de 127 mil habitantes, onde um jovem de 25 anos foi o primeiro com suspeita da doença a apresentar os sintomas. Ele deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com sintomas como febre, coriza, tosse, dispneia (dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta), dor de cabeça e de garganta.
O caso é tratado como suspeito porque o homem voltou de uma viagem a Israel e Itália no último dia 14. Ele relatou aos médicos que começou a sentir os sintomas desde o dia 22.
Segundo a prefeitura, o jovem fez exames que foram encaminhados ao Instituto Adolfo Lutz, na capital paulista. Ainda de acordo com o município, ele está em isolamento em casa, apresenta boas condições de saúde e os sintomas estão sendo tratados com medicação. Com isso, Valinhos notificou o Ministério da Saúde e o governo estadual de São Paulo.
O caso do jovem causou alvoroço na UPA, já que ele informou a equipe médica que frequentou blocos durante o carnaval na cidade. Imediatamente, a informação foi parar no Whatsapp e várias pessoas começaram a enviar alertas para o risco de contaminação como se o caso já estivesse confirmado — o que não ocorreu.
A diretora de Saúde Coletiva de Valinhos, Claudia Maria dos Santos, explicou que além do jovem de 25 anos, a irmã e outros dois amigos que pularam carnaval junto com ele são considerados "contactantes" - pessoas que são acompanhadas pelas autoridades de saúde por 14 dias, período de incubação do vírus. No entanto, esses três últimos não são contabilizados como casos suspeitos e só estão em observação.
- Esse jovem monitorado está com uma gripe leve e as três pessoas que tiveram contato com ele no carnaval não apresentam sintomas. Ele está se recuperando bem - pondera a diretora de Saúde Coletiva do município, que ainda acrescentou. - A maioria dos casos de coronavírus evolui para forma leve ou moderada. Casos graves são poucos.
Além do jovem que está em quarentena, há ainda um casal de idosos de Valinhos monitorado, assim como outros dois adultos e um bebê, mas esses últimos são de Vinhedo. Segundo as autoridades de saúde, eles não apresentam sintomas da doença, por enquanto. Essas pessoas são familiares de um idoso de 61 anos que voltou da Itália e cujo caso de Coronavírus foi o primeiro a ser confirmado no país.
O vírus é o assunto mais falado nas ruas dos dois municípios. Em Vinhedo, cidade de 72 mil pessoas, uma escola particular informou aos pais essa semana que colocou em quarentena três professores que voltaram de um curso na Itália. No aviso, o colégio também pede que os pais que voltaram com os filhos de viagem ao exterior mantenham eles em casa por 14 dias.
- A gente sabe que essa medida é preventiva, mas obviamente que ficamos preocupados com as crianças porque a notícia corre muito rápido em cidade pequena. Mas o importante é que não tem nenhum caso confirmado ainda - afirma a mãe de uma aluna, que pediu para não ser identificada.
Fundada em 1949, Vinhedo tem sua origem marcada pela colonização por imigrantes vindos da Itália, um dos países com mais casos de coronavírus. A Associação Italiana Vinhedense alertou seus membros para que adiem viagens aquele país até que a propagação da doença venha a arrefecer.
—Temos cidadãos vinhedenses que voltaram da Itália nesses últimos dias e que estão também em suas casas reclusos aguardando o tempo de incubação. Já tínhamos sócios com viagem para Itália em março e abril e que desmarcaram. Também temos na nossa programação cultural uma viagem que é feita sempre em setembro e que não sabemos se vamos manter esse ano - afirma Juliano Gasparini, que preside a associação que tem 88 famílias membros e que totalizam 436 pessoas.
Nas redes sociais de Vinhedo e Valinhos, o assunto se alastra e há diversas notícias falsas sobre a disseminação da doença.
Não por acaso, moradores se preveniram e correram as farmácias para comprar álcool e gel e máscaras, cujos preços eles reclamam que estão em alta e que podem chegar até R$ 50, em alguns casos.
Até mesmo na Paróquia Santana, igreja matriz da cidade, no Centro, os padres estão dando orientações aos fiéis durante as missas sobre os cuidados básicos contra o vírus.
A secretaria municipal de saúde de Vinhedo afirma que a situação está sob controle e que tem passado orientações sobre medidas de prevenção nas escolas e na rede de saúde.
- Pedimos que as pessoas só levem em consideração as informações oficiais das autoridades de saúde e não acreditem em fake news - afirma a secretária de Saúde interina de Vinhedo, Érica Pereira.
FONTE: EPOCA