Em meio as dificuldades financeiras agravadas pela crise do coronavírus no país, a Caixa Econômica Federal (CEF) anunciou, nesta quinta-feira (19/3), um pacote medidas de apoio à empresas e pessoas físicas afetadas. Entre as ações, estão a redução de juros nas linhas de crédito, que segue a decisão do Banco Central, que reduziu ontem a taxa Selic, e adiou o pagamento de dívidas em até 60 dias.
O presidente da CEF, Pedro Guimarães destacou, no entanto, que o prazo de diferimento do pagamento das dívidas poderá se estender, a depender de como a crise se desenvolver. "Começamos com esses 60 dias, mas se por acaso essa crise continuar ou for maior, a CEF ampliará o prazo. Estaremos avaliando todo dia, toda semana, o impacto na economia e nos nosso clientes. (..) Em acontecendo uma piora, esses 60 podem virar 90, podem virar 120. A Caixa é o banco de todos os brasileiros, em especial os mais carentes", afirmou.
As medidas anunciadas hoje são um detalhamento do montante de R$ 75 bilhões que o banco injetará na economoia em meio a disseminação do coronavírus, já adiantado pelo presidente da Caixa na semana passada. No entanto, após o adicionamento de medidas ao setor hospitalar, o valor foi atualizado para R$ 78 bilhões.
A suspensão do pagamento vale tanto para empresas como para pessoas físicas e inclui, também, o empréstimo habitacional. O diferimento poderá se estender por até duas prestações e, para financiamentos da casa própria, poderá ser solicitado pelo aplicativo Habitação CAIXA, sem a necessidade de comparecimento às agências.
Para as empresas, dos setores do comércio e de serviços, que devem ser mais afetados por essa crise, a CEF passa a oferecer linhas especiais com prazo de carência de até seis meses. Já para pessoas jurídicas no geral, o banco permitirá carência de até dois meses nas operações parceladas de capital de giro e renegociação. Também serão disponibilizadas linhas de aquisição de máquinas e equipamentos, com taxas reduzidas e até 60 meses para pagamento.
Juros
Na modalidade de crédito pessoal, a taxa de juros caiu para 2,17% ao mês. A Caixa também reduziu a taxa do consignado, oferecido a aposentados e pensionistas do INSS, para 0,99% ao mês. Para empréstimos por penhor, os juros passaram para 1,99% ao mês.
No caso de micro e pequenas empresas, o corte nos juros chegou a 45% nas linhas de capital de giro, com taxas a partir de 0,56% ao mês. Tal modalidade já havia recebido um reforço de R$ 50 bilhões na semana passada.
Hospitais
Hospitais Filatrópicos que prestam serviço ao SUS e Santas Casas receberão a liberação de um volume de R$ 3 bilhões nas linhas de crédito. O objetivo é facilitar a reestruturação das dívidas. O prazo de pagamento e a carência também serão estendidos por dois e seis meses, respectivamente.
Já as taxas de juros para essas instituições foram reduzidas para 0,8% ao mês para prazos de até 60 meses, e 0,87% ao mês para prazos de até 120 meses.
Sobre essas medidas, Guimarães observou que a demanda veio do próprio Legislativo e do presidente da República, Jair Bolsonaro, se tratando de uma ação coordenada também com o próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "Estamos focados em ajudar o segmento hospitalar. A Caixa é o grande banco de financiamento deste setor. Há uma necessidade óbvia", disse.
De acordo com o presidente da CEF, o banco também disponibilizará um cartão de débito virtual para todos os clientes, para evitar a necessidade da ida presencial aos bancos. "A Caixa tem esse investimento em tecnologia e faremos esse esforço nesse momento com a utilização dos apps, seja do FGTS, da habitação ou de pagamento. A Caixa está focada em oferecer soluções tecnológicas para que a necessidade de ir pessoalmente a agência seja cada vez menor", reforçou.