Nesta terça-feira (18), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil divulgou um comunicado defendendo Alessandra Negrini das críticas que ela recebeu devido ao fato de ter se fantasiado de índia para desfiliar no bloco Acadêmicos do Baixo Augusto, no Rio de Janeiro, no final de semana.
No texto, a APIB negou que a atriz tenha cometido apropriação cultural, e, mais do que isso, salientou que a caracterização dela aconteceu com o objetivo de dar visibilidade ao movimento indígena.
“Estamos vivendo a maior ofensiva em séculos de nossa história. Essa semana está tramitando no Congresso uma MP que tenta regularizar a grilagem, o PL da Devastação quer impor a mineração e a exploração das terras indígenas, um evangélico missionário está em um posto estratégico da FUNAI e pode provocar a extinção de povos não contactados”, disse a mensagem.
“São muitos os ataques. Não nos esqueçamos, o momento é grave e dramático, querem nos dizimar! Por isso, causa-nos indignação que uma aliada seja atacada por se juntar a nós em um protesto. Alessandra Negrini colocou seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes”, prosseguiu.
“Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva. É preciso que façamos a discussão sobre apropriação cultural com responsabilidade, diferenciando quem quer se apropriar de fato das nossas culturas, ou ridiculariza-las, daqueles que colocam seu legado artístico e político à disposição da luta”, disse ainda.
“Alessandra Negrini é ativista, além de artista, e faz parte do Movimento 342 Artes, que muito vem contribuindo com o movimento indígena. Esteve conosco em momentos fundamentais. Portanto, ela conta com o nosso respeito e agradecimento. E assim será, sempre quem estiver ao nosso lado”, finalizou o comunicado.