Há cada vez mais casos de canibalismo entre ursos polares no Ártico, ao mesmo tempo que o gelo se derrete e a atividade humana corrói o habitat da espécie, revelou um cientista russo na passada quarta-feira.
Referindo que sempre foram encontrados casos do género entre ursos polares, Ilya Mordvintsev nota que neste momento se registam com maior frequência.
O cientista defende que a falta de comida está a colocar os animais da mesma espécie uns contra os outros e sublinha que as fêmeas e as crias são os alvos mais vulneráveis para os machos.
"O canibalismo entre os ursos polares é um fato há muito estabelecido, mas estamos preocupados que esses casos que costumavam ocorrer raramente sejam agora bastante frequentes", disse a especialista em ursos polares Ilya Mordvintsev, citada pela agência de notícias Interfax. "Podemos dizer que o canibalismo entre os ursos polares aumentou", disse Mordvintsev, pesquisador do Instituto Severtsov para Problemas de Ecologia e Evolução, em Moscou.
Em uma apresentação na cidade de São Petersburgo, o pesquisador sugeriu que o comportamento pode ser devido à falta de comida. "Em algumas estações, não há comida suficiente e os ursos atacam os ursos com filhotes", disse ele.
O aumento de casos também pode ser devido ao fato de haver mais pessoas que trabalham no Ártico e percebem esse comportamento, disse. "Agora, obtemos informações não apenas de cientistas, mas de um número crescente de trabalhadores no setor de petróleo e funcionários do Ministério da Defesa".
Pesquisadores russos descobriram um número crescente de ursos polares que abandonam suas áreas de caça tradicionais devido ao derretimento do gelo devido ao aquecimento climático. No último quarto de século, o nível de gelo no final do verão do Ártico foi reduzido em 40%, diz outro cientista Vladimir Sokolov, que prevê que os ursos polares terão que parar de caçar no mar gelado e ficarão confinados à água, lagos e arquipélagos perto do polo.