O sul do Iêmen, cenário há várias semanas de combates intensos, viveu nesta quinta-feira um episódio importante depois que o separatistas da região recuperaram o controle de Aden, a sede provisória do governo, que ficou nas mãos do exército por poucas horas.
Os separatistas “controlam completamente a cidade de Aden, assim como seus pontos de acesso”, afirmou o porta-voz do Conselho de Transição do Sul (STC), Haitham Nezar.
Uma fonte do governo confirmou a informação à AFP e indicou que as forças pró-governo “saíram de Aden” e seguiram para a província vizinha de Abyan.
O governo de Abd Rabo Mansur Hadi anunciou na quarta-feira que as forças do regime haviam retomado Aden. Os separatistas assumiram o controle da localidade em 10 de agosto após combates que deixaram pelo menos 40 mortos.
Os confrontos começaram em 7 de agosto em Aden e depois alcançaram as províncias de Abyan e Shabwa.
A sede provisória do governo iemenita ficava em Aden desde 2015, depois que os rebeldes huthis xiitas, estabelecidos no norte do país, conquistaram a capital Sanaa em 2014.
Aden é crucial para o governo de Abd Rabo Mansur Hadi.
As forças pró-governo e os separatistas do sul lutam juntos contra os huthis, mas suas relações ficaram tensas a partir 2017.
O STC tem o apoio dos Emirados Árabes, enquanto a Arábia Saudita respalda o governo de Hadi. Os dois países integram a coalizão árabe presente no Iêmen desde 2015 para combater os huthis, que recebem apoio do Irã.
O governo iemenita acusou os Emirados Árabes Unidos por um bombardeio contra suas tropas no sul do país durante os confrontos com grupos separatistas, apoiados por Abu Dhabi.
Apesar da aliança estratégica contra os rebeldes huthis, que controlam Sanaa, ao norte, Emirados Árabes e Arábia Saudita apoiam lados opostos no sul do Iêmen.
A região sul do Iêmen, reivindicada pelos separatistas, foi um Estado independente até 1990.
Haitham Nezar afirmou que os sulistas pretendem iniciar uma ofensiva na províncias de Abyan e Chabwa, tomadas pelo governo esta semana.
O vice-presidente do STC, Hani ben Briek, revelou que milhares de separatistas que lutam contra os huthis na frente norte foram convocados ao sul do país para prosseguir com com os combates, mas neste caso contra o governo.
Recentemente, durante uma reunião com o príncipe Khaled bin Salman, vice-ministro da Defesa saudita e irmão do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, pediu uma solução negociada ao conflito entre governo e o separatistas do sul do Iêmen.
Para ambos, “o diálogo é a única maneira de obter um Iêmen estável, unificado e próspero”, afirmou o Departamento de Estado em um comunicado.
O conflito no Iêmen, que provocou dezenas de milhares de mortes, desencadeou a maior crise humanitária do mundo na atualidade, segundo a ONU.
Fonte: Istoé