O número de tempestades com raios na cidade de São Paulo é hoje maior do que no século 19, e um novo estudo aponta quais são os principais componentes da urbanização culpados pelo fenômeno: a poluição e o asfalto.
A conclusão saiu de uma série de estudos liderados pelo geofísico Osmar Pinto Jr., do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), que apresenta alguns resultados amanhã (10) num congresso científico em São Paulo.
Segundo o cientista, o primeiro fator a contribuir para a alta incidência de raios na cidade é a substituição de cobertura vegetal por asfalto e concreto, que cria uma "ilha de calor" no perímetro urbano, tornando a cidade de 3°C a 5°C mais quente.
"O ar quente é mais leve, e quando uma frente fria ou uma instabilidade chegam, elas o jogam para cima", explica Pinto. "Toda nuvem se forma a partir disso. O ar úmido jogado para cima chega a altitudes maiores, onde é mais frio, e a umidade se transforma em gotículas de água, formando nuvens."
Número de tempestades com raios em São Paulo aumentou 40% em 126 anos
Já a poluição alimenta o problema porque partículas de fuligem e subprodutos da queima de combustíveis servem como "núcleos de condensação" -pontos a partir dos quais as moléculas se agregam e formam gotículas.